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sábado, 7 de abril de 2018

FURTO DA ESPERANÇA


Das cadeiras do  congresso
 Ao grito de minha favela
Passam ratos e baratas,
 Por uma cortina de fumaça
Uns roubam meu celular,
Outros a minha esperança
Afanaram meu patriotismo
Junto com a dignidade
O coração  já fraqueja
E o grito já não explode
Já não bato forte no peito
Com orgulho de ser brasileira

Cobraram-me pedágio caro
Pra me impedir de passar
Roubaram minhas vogais
Pra me impedir de estudar.
Compraram meus tribunais
Imprensa,  as emissoras, policiais e jornais
Desconstruíram a ética
É tempo dos imorais

Sujaram o meu dinheiro
Lavaram com notas frias.
Polícia não é mais herói
segurança virou utopia
O professor não consegue ler
Nem o médico salvar vidas
Faltam recursos
Sobram feridas,
Armas em punho, Lousas quebradas
E pra responder_ Que país é esse?
É o país do tudo, e o país do nada.

Nada na panela,
Tudo está jóia
Nada na escola,
Tudo está nas Bahamas
Nada na rua
Sinto-me tão nua
Nua de sonhos
Nua de paz
Nua de cultura
Nua demais
Nua na vida,
Sem malas nas mãos
De malas roubadas
Que outrora achadas, talvez na Bahia

Isso é recomeço?
Ou  seria um tropeço?
Mais um crime sem preço
Mais um crime calado
Mais um roubo comprado
O juiz apita o jogo
Mas meu time sempre perde
Me cobraram ingresso caro
Pra poderem me assaltar
Meu rosto ta cansado
Meu rito ta calado
A regra é : se não calo
Alguém vai me calar.

Isso é a república?
Isso é a democracia?
Vergonha alheia é normal?
Ou  é só  o  prato do dia?

A chibata dói tão forte
E povo marcado, Não é feliz...
É tão irônico , ser um rico tão pobre
Que debaixo desta lona
A fome ta abafada,
picadeiro montado
E o palhaço aqui ta cansado

Ordem e progresso me confundem
Meu verde já desbotou
Progresso em ordem ta propinado
E fruto da esperança
Virou  furto da esperança

Neste processo
De ter sucesso, Lá no  congresso
Esqueceram a ordem
Engataram a ré
E hoje bailamos
No  retrocesso.


(Rio de janeiro, VAL MELLO)

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