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sexta-feira, 31 de agosto de 2018

DEPRESSÃO


Há uma infelicidade constante
Um desprezo por graças da vida,
Uma solidão incontida
E um desejo de banhar a alma
Com as mesmas lágrimas
Que não se sabe d'onde brotam.

Fugir dos sentimentos de culpa
Do estanho em um corpo conhecido
Dos medos de repente sentidos,
Do pessimismo viciante

Fugindo com um riso forçado
Dos julgamentos reprovados
Ou de quem manda buscar uma fé.

E tudo NÃO  é  frescura
Não diga que é  loucura
Quem com olhos marejados
Só deseja um cafuné
Um apoio
Uma dose de alegria
Mil litros de compressão
Fazendo afastar das drogas
Isolamentos e suicídios.
Isso tudo não é  chantagem
É  o monstro da DEPRESSÃO.

(Val Mello)

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

IMPROPRIEDADE

Eu tenho tanta propriedade do nada
que no dia que eu falar algo perto do tudo
Esse tudo que tu quer ouvir
Serei confundido com um louco

É que hoje sou  apenas o louco que não fala pouco
Mas que poucos querem ouvir
Talvez seja um sábio  torto
Ou um cego dos ouvidos
Que emudeceu os olhos

E nesta expressão corporal,
sou  um homem recheado das certezas
Certeza de que amanha
Fui idiota no  ontem

(Val Mello)

O POEMA ETERNIZADO

Faço poemas com as pedras que tu me atira.
Recrio a arte onde tu gritas que não faço parte
Reinvento a ordem,
Onde teu ódio se faz estandarte .
E vomito seu veneno em poesia,
Com graça, com versos com classe.
Porque no poema moram as dores,
Despejam-se os anseios
Nascem, morrem e renascem novos amores
Curam-se feridas,
Travam-se batalhas,
Determina-se a existência ou não de uma nova vida.
O poema resiste,
E a resistência é minha luta
Que tira da vida o luto
Que lapida as palavras mais brutas
Que te devolve em versos
Os pensamentos eternizados

(Val Mello)

ALMA LIVRE.



Sinto na alma o cansaço de uma maratona,
E a esperança de quem se prepara para largada
Despida do moralismo que impede o bater de asas,
Descobri que enxergo além das vitrines do horizonte.
Que não me culpo e nem te culpo
Apenas me permito, E me desculpo,
Por tudo que tentei e não consegui fazer
Porque tudo posso ser,
Pelo simples fato de ter-me

Que posso ser a oitava nota musical ainda oculta
E posso na minha vanguarda
Está cometendo o oitavo pecado capital ainda não apontado.
Mas a liberdade com sabedoria é o mantra que respeito
E nesta liberdade me prendo

Desprovida da pretensão de TER
E mergulhada no universo Livre de SER






( Val Mello)

sábado, 25 de agosto de 2018

O PRAZER ÚNICO

Ela pode ser vulgar

Ser feita em qualquer lugar

A qualquer hora, a qualquer tempo.

Em um prazer único fecho olhos pra sentir

E depois abro para continuar,

Uso as mãos para guiar

E ouvidos para escutar meus próprios sussurros

As vezes suo, tremo, e as vezes até dói

Muitas vezes dói...

As vezes faz chorar

Mas o prazer em sentir tudo mais e mais

 é gigante.

É preciso recomeçar

E não pode parar no  meio

Para que nada venha a esfriar

E se parar para relaxar

E uma lembrança bater

É preciso correr e novamente fazer

Ai ai ai

Como  é intenso na alma

Esse lance de escrever.


(Val Mello)

AMOR DE MIM


Não peça respeito para seu companheiro

Não peça para ser amada

Não peça para ser desejada

Não queira ser cobiçada

Apenas se aceite

Se ame e se respeite

Assim não herdará migalhas

Sejas teu  amor primeiro

Sejas tu, por ti desejada

Cobice interinamente sua auto estima

Inveje o amor próprio

Se perdoe

Se permita

Se deseje soberanamente

Se critique e se reinvente

Invente um novo discurso

Se plante

Você é semente

Renasça

Se regue,

E tu por ti mesmo

Te encantes.


(Val Mello)

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

ISSO NINGUÉM FALA


Sei que morre gente todo dia
Que viver é um risco mortal
Mas experimenta nascer mulher
Pra você ver se o risco é igual
Peço a consciência de não achar que é vitimização
Mas se pensas assim
Você é  escroto é machista
É nojento, maldoso
É imoral.

Se estudou,  não aprendeu
Se pesquisou, não quis entender
Se te contaram tu não ouviu
E se te mostraram fez questão de não ver
Homem estupra homem
Homem estupra criança
Homem estupra mulher
Homem estupra atéanimal

E ai a culpa é da minha saia curta
Ou do homem  que acha que em qualquer lugar
Pode enfiar o seu pau
Não diga que estou  de mimimi
Ou que to querendo privilegio lá no  código penal
Mulher é dita culpada
Desde a costela do Adão
Até onde eu sei a costela ta do lado
E não debaixo da mão

Quantos homens tu conhece
Que conta histórias lavadas
Que olho roxo foi a pia do banheiro
Ou que  escorregou na escada
Que se acidentou na cozinha
Que se ralou na sacada.
Ou uma lembrança machucando
Feito faca afiada

Ninguém fala daquela mina
Agarrada e beijada a força na balada
È puta,  diz quem só olha
Quem mandou ir pra noitada
De roupa curta batom vermelho e cara pintada

Ou aquela no  trem sendo apalpada
Meninas de 2,5,10 anos
Sendo estuprada
No mundo afora,
Genitálias sendo cortada
Ah mas no Brasil isso não existe
Mas existem Padrastos que violam as enteadas
Vizinhos, amigos parentes que abusam
Mas pedem que
Shiiii!!!
 fiquemos calada
E nos fazem desde cedo nos sentir culpada.

O sexo com marido sem ter vontade
Sem que ele diga uma palavra,
Nos sentimos em obrigação.
Pois desde sempre a mulher tem as vontades mutiladas
Impostas pelo social ou pela religião


Por isso
enquanto  vida eu tiver hei de clamar
A gritaria calada escondida na dor,..
Por que talvez eu seja a bisneta
Da bruxa que tu queimou
Ou talvez filha da filha
Da mulher que tu estuprou
Só não queira que eu seja hoje
Um útero para parir
Nem mulher que tu já espancou

(Val Mello)