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sábado, 7 de abril de 2018

AGONIA


Sou um reflexo no  escuro
Com vontade de gritar
Sou  alma que divaga
Sou  corpo que fraqueja,
Sou  boca que cala
Sou  o  medo noite e dia
Sou a sombra da agonia
Sou o  cigarro fumado
Sou  a garrafa vazia
Sou a mulher criticada
Por não saber dar meu grito
Sou o hematoma escondido
Sou mais um osso quebrado
E se da costela eu vim
É  pra eu está do lado,
Não  debaixo do pé,
Não debaixo de soco.

Sem vez e sem voz
Abrigo-me numa gritaria calada
Em mais uma mentira contada
Silencio a dor outra vez.
Aquele olho roxo
-Foi na pia do banheiro
Minha costela marcada
-Escorreguei na escada
O dente que falha o sorriso
-Foi porque  apodreceu
Aquela pele queimada
-Ah... Quão destruída sou eu
A boca tá machucada,
Será que aprendi a lição?
Não uso mais batom vermelho,
Será que já fiquei descente?
Meu corpo inteiro reclama
Mas tenho que ser uma dama
Mulher forte não reclama
- Apanhei por que mereci.
Assim disse meu amor.

Às vezes quero parti;
Sumir deste corpo de machucado
Na eternidade, talvez não exista dor
Meus cabelos serão livres,
Das mãos de quem os arranca
La talvez, me vejam  honesta
E não vão me criticar
Vou poder usar camisetas,
Sem ter que esconder marcas
 Debaixo dos meus vestidos
Eu só queria a cura
Desse amor tóxico e mau;
Dessa lavagem mental
Desse medo,
Dessa tortura.

Ajude-me,
Dê-me um eco
Faz-me soar mais alto
Meu grito escondido de dor
Disso que um dia por acaso
Eu ousei chamar de amor

(Rio de janeiro, Val Mello)









2 comentários:

  1. Muita das vezes tbm quero " SUMIR DESSE CORPO QUE ME MACHUCA " . Parabéns Valdene pelo lindo projeto que nós apresenta. Sempre se renovando e ficando melhor. parabéns....

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    1. Viajo nas emoçoes dores e atitude, minhas e alheias pra tentar dar vozes e explicações as sentimentos que nos aprisiona.

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