Faustino, tu nascestes estrela e eu sou vagalume com sede de céu

Foi depois de muito mato, muita manga chupada no pé, palmito de tucum e muita carta nunca enviada que a menina do interior tropeçou num livro de gênero pomposo: Poesia. Abriu por acaso, esperando achar um horóscopo ou receita de doce de buriti, mas encontrou Mário Faustino, o tal Príncipe das Palavras. Achou que fosse nome de santo ou locutor de rádio AM, mas era poeta e dos bons. Achou também que fosse exagero de quem escreveu o prefácio, mas bastou um poema, leu e não entendeu nada. Releu e sentiu tudo, e atestou que aquele cabra sabia encantar até pedra com sílabas. Os versos eram lapidados com tanto esmero que pareciam bordados de voz. Com mãos de ourives e alma de beija-flor, ágil na arte de prender pela delicadeza. Ela não discerniu o pensamento, mas sabia que estava emocionada e com inveja, que nem sei se é permitido chamar de " inveja boa". Desde então, passou a escrever em todo canto: no caderno da escola, no verso da conta de luz, paredes e na palma da mão. Qu...