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terça-feira, 4 de outubro de 2022

AS CURVAS

 


A CURVA

Teu riso alimenta o risco
de me encontrar perdido
nas curvas da tua face

Me visto das gargalhadas
que cantam nos meus silêncios
toda vez que não te vejo

Tu visitas meus sonhos não dormidos
Te encontro num abraço esquecido
deixado no  travesseiro

Não sei se é uma porteira aberta
para um céu pintado de estrelas
Mas sei que cavalgo na imensidão dos lençóis
no rastreio dos teus aromas
perdido na constelação

Seque meu olhar teimoso
que nada  em corrrentezes distintas
que confunde os pensamentos
e trava batalhas com a dor

De ti e a ti desejo o amor
que trança meu coração espinhado
sobrevivendo entre fiapos  de alegria
e entre os recortes do tempo

Do teu riso, ainda me alimento
e me arrisco me perder
nas curvas de tua face.

V.Mll🌵

terça-feira, 27 de setembro de 2022

PARTIDAS

 

Nunca foi fácil partir
mas se me parto, quando fico
é injusto permanecer 

O trem que leva às vezes enguiça 
por mau uso ou por preguiça 
de polir as engrenagens 
Não é impróprio voltar atrás 
quando é preciso chegar
está além do sentir
está além de coragem 
Amar é mesmo viagem
com estações e porvir 

Nunca foi fácil partir 
mas precisa partir de mim
a vontade de voar 

Na mala, que ainda nos une
deixar-te-ei alguns versos
e entre os poemas perversos
algumas gotas de amor
Lembranças dos beijos quentes
e a acolhida do abraço 
Fica também um templo
de oratória e palavras 
as desculpas mais sagradas 
e a culpa estabelecida 
Na outra mala que levo
carrego os mesmos desejos 
memórias e textos molhados
rasurados de poesia
Nunca foi fácil partir 
pois toda partida é fria
porém não posso ficar
no manto do amanhecer 
que insiste em não ver o dia

Parto porque me parto
na utopia dos fatos 
na distopia dos atos

Val Mello

quarta-feira, 15 de junho de 2022

🌼PÉTALAS VIVAS 🌼



"...Indepedência
Um mundo só!"
Discurso falho
para viver
Afetos ficam
Fazem morada
tornam a vida
mais colorida


Gente, carinho
Pássaros, ninhos
Flores, abraços
Mãe Natureza
Rica certeza
que o mundo gira
em um alerta
do que nos resta

Resta a vontade
a semeadura
Restam encantos
Céu, rio e Sol
Resta lembrar
de agradecer
Pétalas vivas
são recomeços.

🌵Val Mello🌵

sábado, 4 de junho de 2022

FÉ(L)


A fé rasgada 

Banha os escombros 

Veste o remendo

Furta a malícia 


Lima verdades

Perde a razão 

Pare demônios 

Se faz de pão 


Fé  desmedida 

Gera cegueira

Mata e não cria

Homens de fé 


Mata e recria

Homens que matam

Sátiras mortes

Mundo de mitos 


Val Mello 🌵

terça-feira, 24 de maio de 2022

ÁRIDAS SEMEADURAS

 


ORIENTAÇÃO

Se seu  mundo  virar 

 de cabeça para baixo

Tudo bem!

Permita que seus seus pés 

toquem o céu



 Val MEllo

RUDEZA QUE SALVA

Em minha natureza rachada
     não  planto  expectativas
         nem cultivo muitas falas
                 Me rego  nos silêncios 
                      que não frutificam frustrações


                                                         Val Mello

EGO MATEMÁTICO

No conjunto dos Reais 
sou  primo, sou  inteiro
Dos pares racionais
sou  somente a sobra ímpar
raiz de quarenta e três
dízima não  periódica
moro  entre o sete e o seis

Quatro quintos de amor-próprio
um quinto é dos infernos
pois há motes de sofre

Não é múltiplo egoísmos
é só  amor submisso
pelo ser do meu espelho

Val Mello

sexta-feira, 6 de maio de 2022

OLHARES


Nas janelas, uma fala
ecos das verdades sutis
O corpo cala
o olhar diz
genuínos gritos sem farsas


Portais abertos ao mundo
Uma invasão em segundos
Singela chave: o sorriso.
A camuflagem
as máscaras
Arte ou segunda pele ?
Um artifício que infere
a sobrevivência da raça


A alma espia por frestas
A face acomoda o prisma
Às vezes sai pela boca
aquilo que irrita o olhar


Val Mello
05/05/2020

COLHEITA

🌹🌹

À minha querida mãe

Nos arredores de mim,
luzes crepitam
cores explodem
flores exalam perfume de capim

O sacro natural saber
de cultuar as raízes
me ata em seus cipós
E feito forração de hera
me apoio nas pétalas
do teu buquê
 
De dentro para fora
meus brotos se acusam
num arguido de aromas
denunciando meu prazer
Ser um fruto do teu ser
é meu regalo e apogeu

Nas colheitas diárias
dos arredores de mim
as rosas que desabrocham
são teus átimos no meu eu.
Val Mello

sábado, 9 de abril de 2022

FRAÇÃO DE TEMPO


 

ENDEREÇOS

 




ALÉM



Ela tem asas de albatroz
Sobrevoa os mares
sem um tempo de parar

Riso raso e sem maldade
talvez seja a liberdade
que insiste em ser dividida

O abre alas de um eterno carnaval
Vendaval de alegrias
enquanto vida tiver
 
Definida em sinônimo de imensidão
 poesia não a explica
 razão não  a compreende
 
A vida sem fervura não lhe basta
Rima rica de um poema
sem versos metrificados
Pois nela não cabem os limites do mundo


Val Mello  

(Dedicado à Geisa, no  dia do  seu  aniversário 09/04)

CULPADA I



A frase que na mente repetia
Fazia sentir culpa na infância
No currículo, anos de terapia...


Um gatilho disparado feito bala
Na exata palavra imposta
À tona
o passado atroz de volta ,
o mesmo que havia feito as malas

Por tudo que ela não fez
o mundo lhe aponta a culpa
E ela ainda se desculpa
chora em nome de um querer

Sua palavra não vale
mais que o assédio alheio
E dizem não entender
Seus nervos a flor do pano

O crime dela foi nascer
em um corpo desejado
O malfeitor ao seu lado
tende não ser "o cruel"
tende a até ser "o coitado"
Movido pela liberdade
que ela tinha de viver.




Val Mello

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

EnCarnAVal

"N" vezes não tive o que amei
muito menos o que queria
às vezes sem norte e sem vez
o silêncio em remédio pra dor

Fantasiada de folia
rica de sonhos, risos e agrados
me dei aos encontros marcados
dos carnavais de uma vida.

Grata por quem está perto
e por quem está na lembrança.
vibrando em sublime magia
a Alice de um mundo real.

Criança a fazer peraltices,
que chora e não se desculpa
que culpa a fala que cala
por não se fazer entender

em síndrome de Peter pan
me recusei a crescer,
"quem sabe sou garotinha"
chamando atenção do seu par...

E nela é vista a fagulha
de brilho existente em ninguém
tão solta, tão leve, do bem
Fantasiada de VIDA
encarnada em histórias
"EmCarnaVal" de memórias
A foliã colorida.

Val Mello

sábado, 12 de fevereiro de 2022

RIVANE OLIVEIRA- Professora de português e redação, empresta seu belíssimo talento como resenhista e disserta sobre o livro Vermelhos InVersos



 

Autora: Val Mello
Editora: Ventura Editora
Páginas: 127
Gênero: Poemas
Ano: 2020

SINOPSE: Com toda a intensidade poética Val Mello traz, como destaque, em Vermelhos InVersos, o seu tão admirado rubro, colorindo cada verso desenvolvido ao longo da obra. Tal marca une-se à expressão do vermelho, o que proporciona uma viagem pelo íntimo do sentir, uma vez que há em cada poema o encontro com a inquietude, a força, mas também com a delicadeza que se desnuda à medida que a escrita se estende. A autora também enfatiza a possibilidade de reflexão quanto à valorização da mulher ligada à humanidade. É possível sentir, dessa maneira, que a autora desbrava sua intensidade de maneira muito marcante, o que torna mais instigante a leitura em si.

É extremamente maravilhoso ler um livro de poesia e sentir-se tocada por cada verso. É exatamente o que acontece na obra Vermelhos InVersos, de Val Mello, do início ao fim. O livro é um convite para desbravar o mais íntimo do ser que a autora evidencia. São demonstradas as inquietudes da vida com um olhar crítico, marca também registrada em sua personalidade. Mas não para por aí, pois também há a bravura representada poeticamente diante das vicissitudes, e claro com um toque de delicadeza e sensibilidade que se manifesta nessa linda viagem que é a poesia.

O livro é divido em Eu, Elas, Eles, Elos, Lutas e Tempo, partes que compõem o todo que é a autora. São, portanto, conjuntos de poemas, acompanhados de ilustrações autorais que chamam a atenção por mostrarem-se expressivos com uma técnica diferente da convencional. Para cada parte observa-se a força e a representatividade muito presentes nas entrelinhas. De maneira bastante intensa é enaltecida a vaidade feminina, impondo a imagem de empoderamento e desprezando qualquer rótulo da sociedade conservadora, além de existir uma busca pela memória do passado e do presente nas situações do dia a dia.

O destaque dado à força feminina ganha forma também com a representação que a cor rubra tem para Val Mello. Apaixonada pelo vermelho, seja na cor da roupa, do cabelo ou no batom, seja na vida, a autora manifesta essa representatividade, ilustrando a magnitude da garra que a mulher possui. Ora visto por alguns como vulgar, provocante, o vermelho é também um simbolismo de força e autenticidade da mulher que sai da “caixinha”, da mulher que exige o devido respeito dos homens, que não se curva a uma sociedade patriarcal. É o que se observa no poema intitulado Batom representando aquilo que vai além da vaidade feminina:

Batom

É um misto de segredos
que transforma toda mulher
É expressão de beleza
e até desacato à fé
Mexe com sentidos mortos
Mexe com a repressão
Mexe com os comprometidos
Causa ciúmes na multidão
Escorrega entre os lábios
Nos faz despertar muitos dons
Nem quem usa sabe explicar
O poder de um batom


É importante frisar que, ao apreciar a obra, é possível fazer um encontro com o que Val Mello estabelece: um vínculo com a angústia presente na contemporaneidade. Nesse sentido, há a possibilidade da reflexão em torno das injustiças sociais, por exemplo, como uma maneira de perceber que estamos inseridos em vários contextos de situações adversas, mas que promovem um despertar. Com isso, a obra tem grande relevância por apresentar as facetas da vida instigando o leitor a pensar, refletir e questionar situações existentes que necessitam de atenção. Assim, é possível observar no poema Pink como se dá essa reflexão.

Pink

Luz do dia nas janelas
O movimento é constante
E quando a manhã é chuvosa
há mais pessoas apressadas,
mais buzinas irritadas

Há vizinhos acordando
A cidade despertando
No rádio, uma oração:
Confortably Numb

A criança ainda dorme
no adulto despertado

É hora de labutar

Nesse universo, ainda encontra-se observações e questões relacionadas ao tempo e como ele é utilizado nas relações humanas. De maneira bem trabalhada a obra traz uma referência a uma das habilidades que a escritora tem, como por exemplo, a arte de dançar, outra fonte que utiliza para explorar sua alma poética. O poema Quinto Elemento demonstra a visão da escritora e sua admiração pela dança.

Quinto Elemento

O dançarino é um poeta
Talvez, o maior de todos
Usa o corpo como caneta
Para escrever frases da alma

Na ponta dos pés, asas invisíveis
Alçando voos por tantos mundos
Passos marcados e rodopios
Faz de sua imagem um desafio
Chegando ao céu, sem sair do chão

Seu corpo transpira tons,
acordes, notas e mil refrãos
Declama versos metrificados
Com sapatilhas ou pés descalços

Canta com o corpo, riscando o chão,
Fazendo rimas movimentadas
Faz da sua arte um verbo à parte
Tem no espírito a poesia
O dançarino é um poeta
Se faz poemas nas melodias


Por tudo isso, a obra, de maneira muito instigante, permite ao leitor viajar por entrelinhas no universo rubro que autora personifica, dá vida, dá cor. Demonstra sua loucura poética, no bom sentido da palavra, como se observa no poema, o qual recebe exatamente esse nome.

Loucura Poética

Possuo uma loucura antiga
Cada vez que leio o mesmo poema
encontro uma nova poesia

A obra é uma ótima indicação para quem se permite sentir a poesia, seja em versos ou na vida, afinal ela é necessária, ela salva. Ler Vermelhos InVersos é permitir-se a conhecer o mais profundo do sentir.


Rivane Oliveira- Formada em Letras pela Universidade Estadual do Piauí- UESPI-, professora de Língua Portuguesa e Redação, pós-graduada em Libras e Educação Especial




quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

VAL MELLO E O PROFESSOR ERNÂNI GETIRANA NA TERRA DA OPALA

Ernâni Getirana,  professor, escritor e poeta piauiense da cidade de Pedro II , colunista do site NEWS PIAUI, escreveu  em sua coluna cultural sobre a poeta Val Mello e sua  estadia em Pedro II-PI, que também é sua cidade natal, a conhecida Terra da Opala.


Val Mello foi  presenteada com os livros de Ernâni Getirana, o livro Raspas  de Mameleiro,  que é uma coletânea organizada pelo professor, com poetas pedro segundenses e um livro de sua autoria intitulado  Lendas de Pedro II 


Veja a matéria:

"Sou um ávido defensor de que artistas devem intensificar sua arte, sua criação de várias maneiras. Uma dessas maneiras certamente é a viagem, a troca de experiência, novos ares nunca dantes respirados."

Ernâni Getirana