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quarta-feira, 27 de novembro de 2019

SÓ POR HOJE

Passos largos na estrada
Transbordante amor entre-póros,
Como se tudo, fosse pra ontem
E doar-se não  fosse o bastante.
Como se o rio já fosse o mar.
Entregar-se sem ter licença
À Vida em fio de navalha
À Vida em busca da falha
Ás falhas  da existência.
Só  por hoje me amarei,
Só por hoje serei feliz,
Só  por hoje a vida não para
E que amanha seja mais um vez,
Só  por hoje.

Val Mello

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

DELÍRIOS

Alguns dias são tão pesados
Alguns passados tão presentes
Alguns presentes tão distantes
Alguns futuros apenas sonhos.

E tudo vira criança
E tudo vira infância
E se canção estiver certa
"Os sonhos não envelhecem."

Val Mello

SILÊNCIOS PARALELOS

De que valem as armaduras
Se a alma já estar atingida
Por palavras metralhada
Por frustração engolidas

O falar engasga o choro
E o soluço fica pra outra hora.

Seguindo uma direção,
Com um rumo talvez sem norte,
Ouvir talvez um "boa sorte"
Não afaga, mas revela.

E quando se grita os  silêncios
Encontra-se ali as respostas.
Pronto! Foi-se o pranto,
Armaduras recompostas
Paralelos a moverem-se
Nem sempre na mesma direção

Val Mello

MIM ARTE



Dose,
Dupla,
pintura.
Necessariamente
Nessa
Ordem.

O que é  a arte?
Senão  inquietos segredos.
Entregas de verdades
Mundo real iludido
E certezas confortantes.

Val Mello

OPHIDIA

OPHIDIA

Da presa que extermina,
Brota antídoto da cura.
Ainda encontro ternura
Na dualidade maldita.
Se um sibilar amedronta
O gigante que a despreza
Imagina, se a afrontas,
E faz valer sua empáfia

No torcer do seu rastejo
Paralisa quem a olha.
Sem precisão da visão,
Desfila esguia onde passa.
E em bifurcação lingual
Diz ao vemoronasal
O que há em sua estrada.

Rotulada e sem cortejo
Vive a vida envenenada ,
E aprumada em seu rastejo,
Ou recolhida a suas voltas
pode portar o último beijo
Ao gigante predador.


Val Mello

RELÓGIO DA ETERNIDADE


"Quanto tempo dura o eterno?
_As vezes apenas um segundo"
(Lewis Carroll)

RELÓGIO  DA ETERNIDADE.

Das vontades  fulgurantes
das esperas tenebrosas
Contam-se em dedos as horas.
e eterniza-se as paixões

O tempo é  lépido,
O tempo se veste da nudez.
E construir o eterno,
é  só um segundo talvez

Fração de minuto é  tesouro
contado com o que é  contido.
Quarenta e três  minutos vividos,
é um eterno sagrado,
é  um século achado,
em um segundo de atenção.

(Val Mello)

POLAROID

POLAROID

Saudades perturbadoras,
Que um artista emoldurou,
Representando o amor ,
Em imagem conservada.
Figura que dói  na alma,
De quem só ouviu falar,
Mas ao dono da saudade
É um bálsamo que acalma.

A aquarela nos olhos,
Distingue  luzes e cor.
E até uma céu de esplendor,
Se encontra sibliminado.
Feito um alívio pra dor,
Dessa saudade danada,
Trago na mente a lembrança
E uma foto emoldurada.

Sem medo ou superstição
Canto o mato em meu consolo,
Canto de alegrias e choros
Poemizando o sertão.
Cai a tarde e canto a lua,
Referencio a fotografia
O que pra muitos é  agonia,
Pra mim é  beleza crua.

Val Mello

CURA ADORNADA


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CURA ADORNADA
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Corpo em cruz dizendo:
Vêm.
Entre olhos acolhedores,
Conforto apoio e descanso,
Dois membros lembrando um manto
Calmante  dos dissabores

Perdão das duras palavras,
Silêncio  gritando amor.
Luxúria  dando espaço ,
À fala dos corações.

Peito com peito em encontro,
Rostos grudados em pausa,
Repouso dos pensamentos
Conversa longa das almas.

Vertiginoso momento
Usando as mãos como laço.
São  traços  dos sentimentos
Desenhado em terno abraço