Das cadeiras
do congresso
Ao grito de minha favela
Passam ratos
e baratas,
Por uma cortina de fumaça
Uns roubam
meu celular,
Outros a
minha esperança
Afanaram meu
patriotismo
Junto com a
dignidade
O coração já fraqueja
E o grito já
não explode
Já não bato
forte no peito
Com orgulho
de ser brasileira
Cobraram-me
pedágio caro
Pra me
impedir de passar
Roubaram
minhas vogais
Pra me impedir
de estudar.
Compraram
meus tribunais
Imprensa, as emissoras, policiais e jornais
Desconstruíram
a ética
É tempo dos
imorais
Sujaram o
meu dinheiro
Lavaram com
notas frias.
Polícia não
é mais herói
segurança virou utopia
O professor
não consegue ler
Nem o médico
salvar vidas
Faltam recursos
Sobram feridas,
Armas em
punho, Lousas quebradas
E pra
responder_ Que país é esse?
É o país do
tudo, e o país do nada.
Nada na
panela,
Tudo está jóia
Nada na escola,
Tudo está
nas Bahamas
Nada na rua
Sinto-me tão
nua
Nua de
sonhos
Nua de paz
Nua de
cultura
Nua demais
Nua na vida,
Sem malas
nas mãos
De malas
roubadas
Que outrora
achadas, talvez na Bahia
Isso é
recomeço?
Ou seria um tropeço?
Mais um
crime sem preço
Mais um crime
calado
Mais um
roubo comprado
O juiz apita
o jogo
Mas meu time
sempre perde
Me cobraram
ingresso caro
Pra poderem
me assaltar
Meu rosto ta
cansado
Meu rito ta
calado
A regra é : se
não calo
Alguém vai
me calar.
Isso é a
república?
Isso é a
democracia?
Vergonha
alheia é normal?
Ou é só
o prato do dia?
A chibata dói
tão forte
E povo
marcado, Não é feliz...
É tão
irônico , ser um rico tão pobre
Que debaixo
desta lona
A fome ta abafada,
picadeiro
montado
E o palhaço
aqui ta cansado
Ordem e
progresso me confundem
Meu verde já
desbotou
Progresso em
ordem ta propinado
E fruto da
esperança
Virou furto da esperança
Neste
processo
De ter
sucesso, Lá no congresso
Esqueceram a
ordem
Engataram a
ré
E hoje
bailamos
No retrocesso.
(Rio de janeiro, VAL
MELLO)
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