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segunda-feira, 20 de março de 2017

ASSINADO : PLANETA



Eu sou o calor abrasante que te toca;
Não é que quero te escaldar, mas porque clamo por sua atenção, para dizer que posso ser brando.

Eu sou a geleira solitária, Que se derrete em teu mar,
não para transbordar nas areias de suas praias,
mas porque já não tenho forças para me suportar, 
me sinto fraca e me derreto, 
e em águas salgadas me
transformo feito lágrimas de dor, 
e em meu choro desejo não ser um passado derretido

Sou um rio que um dia existiu,
Filho de outro que já não corre para abraçar o Oceano,
não é que sejam inimigos, 
mas o contato já foi desviado e transposições os sufocaram,
assorearam minhas margens,
queimaram meus vizinhos verdes,
e meus amigos que voavam, migraram ao Sul, 
outros correram para montanha, 
meu curso foi interrompido, 
já não sei meu nome;
Se me chamo Congo ou se o apelido é Chico, 
se me chamam Negro ou se gostava de Missipi,
se Araguaia é meu sobrenome, 
se minha mãe era Amazonas 
ou se meu pai se chamava Nilo, já
não sei quem fui, sou ou serei...

Sou o ar que pesa teus pulmões;
Já não te relaxo nem oxigeno seu cérebro, 
mas cheguei a ti cansado, 
pois era tanto trânsito, que não te alcancei.
Havia tanta fumaça
que te perdi e no meio das cinzas, 
e do chorume dos lixões,
cheguei sujo
ao teu encontro.

Ainda sou o papel em branco que sobrou;
Que depois de tantos anos sendo filtro do teu ar, 
sendo sombra e descanso para tuas trovas,
ainda lembro o grito de dor que o corte do motosserra calou.

Ainda sou o céu que te olha;
Mesmo sem você ter tempo para me contemplar, 
sigo firme na esperança, de estar belo e arrumado pra ti

Sou o anônimo da tua poesia, 
que embeleza os teus dias, 
que refresca sua sede, 
que aquece tuas manhãs, 
te refrigera o calor.
É, Não sei até quando, mas seu, ainda SOU.

Ass: Planeta

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